Ultimos filmes assistidos...

17:44




Hello people!
Semana chuvosa e fria aqui em são paulo, e eu tenho que confessar que dias cinzas me deixam tristes e melancólicas, eu particularmente sou uma garota que nasceu para dias mornos, então enquanto o meu querido sol não reaparece entre as nuvens, decidi fazer uma listinha de filmes que não faço a algum tempo. Eu tinha me enveredado para o caminho viciante das séries, mas decidi dar uma cancelada na Netflix e voltar a garimpar novidades em sites, aumentando assim minha carga horária de filmes assistidos. 
Separei uma lista bem variada de filmes de diferentes gêneros, para você fazer aquele chazinho, pegar o edredom, o animal de estimação e assistir quentinho no aconchego do seu lar
Espero que curtam as dicas ;)


Quando eu me deparei com a capa desse filme na internet, acompanhado de um nome que parece ter saído de filme da sessão da tarde, eu achei que eu ia me deparar com um daqueles filmes de animais falantes se metendo em confusão que são bem irritantes, ainda bem que eu não julguei o livro pela capa e decidi dar play, pois é um filme encantador e sem dúvida merece estar no topo da lista, como indicação. 
A película sem duvidas é bem envolvente, e se você tme gatos em casa, vai ficar abraçando seu bixano o filme todo!


O gato. O gato não é o animal de estimação que os donos de primeira viagem esperam. Diferente do cachorro, o gato não corre na direção do dono quando chamado. Nem gosta de brincar sempre que seu dono está disposto, e nem mesmo é muito chegado num afago, na maioria das vezes. Mas o gato, assim como o cachorro e todo animal de estimação que se preze, carrega consigo aquela bela característica que faz dos pets a compania sempre perfeita: Lealdade. E neste bonito Um Gato de Rua Chamado Bob (A Street Cat Named Bob, Reino Unido, 2016), produção inspirada no livro autobiográfico do inglês James Bowen, este aspecto da personalidade dos felinos fica mais do que evidente, e é de vital importância dentro do contexto narrativo do filme.

Bowen (interpretado aqui por Luke Treadaway, o Dr. Frankenstein da ótima série Penny Dreadful), está perdido na vida. Afastado da família, ele sobrevive como músico de rua, tocando seu violão à procura de alguns trocados. O real problema, no entanto, não é a solidão ou a falta de dinheiro, mas sim seu destrutivo vício em heroína. Após sobreviver a uma overdose, James, ajudado por Val (Joanne Froggat, do excepcional drama Uma Vida Comum), uma psicóloga responsável por um programa do governo de reabilitação de viciados, consegue um pequeno apartamento para ajudar na sua recuperação. E é em sua primeira noite no local, que o elemento que mudaria sua vida para sempre, entra em cena: Um gato de rua, que mais tarde será chamado de Bob.

Dirigido pelo competente e veterano cineasta australiano Roger Spottiswoode (de Atirando Para Matar e Uma Dupla Quase Perfeita, este segundo também um bacana exemplar cinematográfico sobre a amizade entre homem e animal), Um Gato de Rua Chamado Bob retrata exatamente o peso da amizade e da companhia na vida do indivíduo, especialmente aquele em recuperação das mazelas da vida. Ao contrário das produções que contam com cachorros como força motriz de suas narrativas, o filme de Spottiswoode não se apoia nas gracinhas ou peripécias do bichinho para divertir ou mesmo emocionar o público, principalmente pelo fato de que, como mencionei, os gatos não são animais tão espalhafatosos ou mesmo vivazes como os cães. Mas eles tem seu charme, e que charme! Bob, assim como todos os bichanos por aí, é adorável, lindo de se ver. E funciona como o contraponto sóbrio do problemático e sofrido protagonista da produção, que se agarra ao animal sabendo que Bob é provavelmente a única coisa a que se apegar num momento tão difícil.

E é aí que entra o que mencionei lá em cima, no comecinho da crítica. A lealdade e o companheirismo do gatinho são louváveis, literalmente abraçando seu novo dono, no momento em que James mais precisava de carinho, força e afeto. Esta relação de interdependência entre homem e animal, rende momentos maravilhosos e dramaticamente relevantes à produção.

É claro que a produção é, em sua essência, um filme bem agridoce. Não faltam momentos gracinha envolvendo Bob e seu dono, como por exemplo, a adorável sequência em que James toca em uma praça, tendo Bob como companheiro pela primeira vez, ou as caçadas de Bob à um ratinho que vive no apartamento de seu dono. Mas são sempre as sequências de interação entre James e Bob que saltam aos olhos do espectador, especialmente pela ótima performance de Luke Treadaway, que em diversos momentos entrega com perfeição a agonia que percorre seu corpo enquanto luta para se livrar do vício nas drogas. Uma curiosidade bem bacaninha: O gato do filme, um lindo vira-latas cor de laranja, é o próprio Bob do livro de James. E o bichano é bem fotogênico!

Uma produção leve, de tom otimista e familiar, Um Gato de Rua Chamado Bob faz dos tristes clichês da vida real, um adorável instrumento para se falar da amizade mais verdadeira que existe: A amizade entre o homem e seu animal de estimação. E não é preciso ser um entusiasta dos bichanos (como eu) para gostar ou mesmo capturar a verdadeira essência da produção: A de que quando se tem amigos verdadeiros, tudo, absolutamente TUDO é possível. Mesmo que este amigo não saiba (ou precise) proferir uma só palavra. Um miau já basta.

Fonte: http://luizandreoli.com.br/critica-um-gato-de-rua-chamado-bob-a-street-cat-called-bob/








Depois de muito me deparar com gif's de cenas desse filme comendo solta no meu facebook, finalmente a minha curiosidade me levou a procurar este filme, e realmente não me arrependo de ter assistido, porém é um filme complexo, e você certamente precisará da ajuda de alguns artigos para entender a essência do filme

‘A Bruxa’ é um filme que muitos vão odiar. Vivemos em uma época onde as pessoas cada vez menos prestam atenção nos detalhes e dão preferência a tramas de fácil digestão, no caso do terror essa procura é por algo frenético, com muito sangue e sustos. Produções atuais que saíram dessa premissa foram completamente ignoradas pelo grande público, ‘Corrente do Mal’ é um bom exemplo do que quero dizer. Hoje em dia a galera não tem paciência para histórias lentas, cheias de camadas e personagens que fogem do clichê moderno, ou seja, apesar do título e trailer chamativos, este é um filme que tem tudo para despertar a ira do pessoal que vai ao cinema procurando apenas diversão… o que seria realmente uma pena por que o filme de estreia do diretor Robert Eggers merece todos os elogios e prêmios que vem ganhando nos festivais mundo afora.

Nesta história voltamos alguns séculos e somos apresentados a uma família religiosa e puritana que acabou de ser banida do vilarejo onde moravam. Eles se mudam para uma casa no meio da floresta e quando tudo parecia ser um novo começo, o filho recém-nascido desaparece misteriosamente, dando início a uma série de acontecimentos que levarão suas crenças aos limites e permitindo que possíveis forças malignas que vivem na floresta entrem em suas vidas.

Este é um filme de horror diferente de tudo que você já viu e que te desperta sensações bem desconfortáveis. O ritmo lento é proposital e somos apresentados sem pressa alguma aos personagens, a maneira como lidam com a fé e ao seu cotidiano, fato que apesar de incomodo para alguns, faz total diferença para que sua trama extremamente macabra funcione. Não espere ver bruxas de nariz pontudo voando em vassouras, fazendo poções e tocando o Diabo nos coitados, aqui o horror é encarado de uma forma séria e a visão que o diretor nos mostrou é extremamente arcaica, ou seja, nada de sustos gratuitos e sangue jorrando a toa, em ‘A Bruxa’ tudo acontece por um motivo e quando chegamos ao final, ou melhor, quem chegar ao final será recompensado com cenas assombrosas e assustadoras. Sério, o final é tensíssimo!
Algo que contribui para o terror de ‘A Bruxa’, além do tema fanatismo religioso, bruxaria e satanismo, é a sua construção, que conta com uma trilha sonora simples (mas poderosa) e uma fotografia linda e claustrofóbica. A casa sempre iluminada por velas e a floresta escura e fria dão um ar medonho e em momento algum nos divertimos vendo tudo aquilo, pelo contrário, tudo é bem assombroso, não dá pra ficar feliz assistindo este filme, a trama é pesada e a direção não nos deixa esquecer de que estamos diante de algo onde a qualquer minuto alguma desgraça pode acontecer. É uma produção impecável e estamos diante de uma obra de arte que dá gosto de ver, pra vocês terem ideia os diálogos são em inglês arcaico e dão uma realidade imensa para o drama que os personagens estão passando. Pelo visto os atores, ótimos por sinal, tiveram um trabalhão..
‘A Bruxa’ é um filme muito bom, mas para desfrutar dele você tem que estar disposto a ver um outro estilo de terror, aqui a coisa é bem artística e você tem que imergir e prestar atenção em tudo, os detalhes ajudam a contar a história e a deixam mais interessante, não adianta assisti-lo em uma sala onde a galera fica fazendo gracinha por qualquer coisa. Repito que este não é um filme para todos, definitivamente não, ele não tem nada de convencional e com certeza muita gente o largará antes do fim, tenha paciência e abra sua mente, o diretor Robert Eggers fez um trabalho impecável e tem muito talento, há muito tempo não via algo tão impressionante e tão digno de notoriedade. Se estamos diante de um novo clássico ainda é cedo para dizer, mas que é um filme lindo e pavoroso, não há como negar.

Fonte: http://www.ccine10.com.br/a-bruxa-critica-mostra-sp/








Não sou muito de filmes de romance, confesso, e demorei muito tempo em me convencer a assistir este, e sem dúvidas ele é como uma música do Depeche mode: um misto de bela, feliz e ao memso tempo incrivelmente triste, mas o enredo me prendeu completamente e para mim o papel é simplesmente perfeito para a personalidade da Emilia Clarke.


Em “Como Eu Era Antes de Você”  Louisa Clark (Emilia Clarke) perde o emprego na cafeteria em que trabalhou por seis anos, e se vê desolada, mas sai em busca de uma nova oportunidade. Logo, isso se mostra difícil devido as suas poucas qualificações e a necessidade de ajudar financeiramente a sua família. A sua única opção restante é uma vaga para cuidar de Willian (Sam Claffin), um empresário milionário que fica tetraplégico após ser atropelado. Obviamente ela aceita, e sua vida começa a mudar a partir daí.


Por mais que a história não seja  muito complexa, sem muitas reviravoltas, ela brilha quando o espectador se envolve com os pequenos detalhes. O que não é muito difícil devido a química perfeita e envolvente do casal protagonista. O amor deles está implícito em cada sorriso, lágrima e olhar. Apaixonante como todo bom romance deve ser.

Cheio de contrastes e reflexões, a máxima dos ”opostos se atraem” é bem representada nele. Lou é alegre e chamativa, e Will é quieto e reservado. Ela tenta se aproximar, e ele a afasta. Mas por fim, nem mesmo ele acaba conseguindo resistir aos olhos tenros e inocentes de sua cuidadora. E pela primeira vez em meses, ele sorri. Um clichê certeiro da vida, que no filme é explorado com muita delicadeza e sutileza. Claro que com direito a várias pitadas de humor. É impossível não sorrir que nem bobo em diversos momentos. Não há razão alguma para se conter, no entanto.

Fonte: http://www.mazeblog.com.br/resenha-como-eu-era-antes-de-voce/




Encontrei esse filme quando na tradicional roleta russa do Netflix, a proposta é ótima, um choque de realidade, porém com um fim um tanto decepcionante, mas podem tirar suas próprias conclusões.

A tímida Vee DeMarco (Emma Roberts) é uma garota comum, prestes a sair do ensino médio e sonhando em ir para a faculdade. Após uma discussão com sua até então amiga Sydney (Emily Meade), ela resolve provar que tem atitude e decide se inscrever no Nerve, um jogo online onde as pessoas precisam executar tarefas ordenadas pelos próprios participantes. O Nerve é dividido entre observadores e jogadores, sendo que os primeiros decidem as tarefas a serem realizadas e os demais as executam (ou não). Logo em seu primeiro desafio Vee conhece Ian (Dave Franco), um jogador de passado obscuro. Juntos, eles logo caem nas graças dos observadores, que passam a enviar cada vez mais tarefas para o casal em potencial.

A historia vai muito além de mostrar apenas os perigos de um jogo ou apenas entreter as pessoas que estão assistindo. Há uma mensagem no filme que mostra que não é porque você está escondido atrás de um nome falso ou um "user" na internet que você está isento do que poderá acontecer ou da culpa de deverá ter. O filme começa mostrando uma jovem bem tímida, Vee DeMarco (Emma Roberts) que é fotografa e amiga de uma garota bem popular na escola, Sydney (Emily Meade). Essa é aquela famosa amizade onde uma é a popular e a outra é a mais tímida e bobinha. Vee é o tipo de garota que a mãe quer que faça faculdade, que seja "alguém na vida". Mas diferente do que a mãe dela pensa, ela não quer entrar na faculdade e nem seguir o que a mãe dela tanto sonhou pra ela. Vee quer ser independente, sair de casa e conseguir morar sozinha bem longe de onde está atualmente.

Sydney liga para a amiga e as duas conversam brevemente sobre Vee ter sido aceita em uma faculdade e sobre um jogo chamado "Nerve". Mesmo Vee não parecendo muito interessada, Sydney tenta fazer com que ela se cadastre no jogo para observar a amiga jogar, já que ela quer ter muitas pessoas acompanhando ela. Vee não dá muita atenção para isso até ver que a amiga está mesmo em um jogo e não quer saber das consequências que isso trará. Sydney então tentou mostrar a amiga que ela precisa começar a viver mais e sair das sombras pois ela é muito insegura e vai falar com o menino que Vee é apaixonada, tentando fazer com que ele se interesse pela amiga insegura e medrosa. O que acontece é bem diferente do que Sydney imaginava, o menino rejeitou sua melhor amiga com a mesma vendo isso.

Toda magoada, Vee chega em casa e se cadastra no jogo Nerve para mostrar pra amiga que ela pode sim ser uma jogadora e que ela não estará ali apenas para observar. Ela está fazendo isso pelo impulso de provar que ela não é insegura. Começa a seguir as instruções e vai para um bar/lanchonete onde o desafio dela é de beijar um desconhecido, qualquer um. Vee acaba beijando Ian (Dave Franco) e ganha 100 dólares e logo descobre que ele também é um jogador. Acaba ficando bem animada por causa do dinheiro que poderá ajudar muito ela e sua mãe pois estão apertadas em dividas. Os visualizadores do jogo querem Vee e Ian juntos para uma noite de jogo bem intensa. Os desafios começam sendo apenas ir para Manhattan e depois vai para níveis mais elevados de confiança e adrenalina. Sair quase pelado de uma loja é um desses desafios, assim como pilotar uma moto a 100 quilômetros por hora com os olhos vendados e atravessar um prédio em cima de uma escada.

Será que a Vee pode confiar em um cara que ela acabou de conhecer? Será que ela vai deixar a amiga de lado para ser a mais popular? Será que ser famosa na internet em um jogo ilegal que pode levar alguém a morte vale tanto a pena? Será que alguém já morreu ou vai morrer por causa desse jogo? O que você faria para conseguir o que quer? O pensamento que fez Sydney entrar no jogo é que o tempo está passando e que ela precisa arriscar mais coisas na vida. Será que Vee está começando a pensar da mesma forma?
Vee começa perder seus amigos por querer tanto uma coisa que acaba se perdendo em seu proposito e entrando em uma enrascada. O jogo tem três modalidades: jogador, observador e prisioneiro. O problema é que em momento algum a terceira modalidade é dita pelos criadores do jogo, mas existem regras claras, e uma delas é que não seja dedo duro. Não pode falar do jogo para as autoridades ou qualquer pessoa que vá investigar o mesmo. Vee entra no terceiro modulo do jogo: prisioneiro após descobrir vários segredos sobre Ian e ir até a policia para entregar o jogo, mas a novidade é que a policia não fez nada a respeito. Ela precisa ganhar esse jogo para que a sua vida e a de sua família estejam a salvo. O jogo não se trata mais de provar nada a ninguém e nem pelo dinheiro. Agora é fazer ou correr riscos de exposição, acabar com sua família já traumatizada por uma perda.

O filme traz pra gente uma realidade que precisa ser compartilhada com todas as pessoas. Somos incapazes de saber o que somos capazes de fazer pelo que queremos a menos que isso seja imposto pra gente. Somos mais fortes do que pensamos ou mais fracos do que sonhamos? A vida é um jogo, mas não é algo que vale a pena ser testado por um jogo, dinheiro ou popularidade. O dinheiro pode comprar quase tudo. A felicidade de alguns, o inicio da tragédia para outros. A vida de cada pessoa mé diferente porque cada pessoa tem uma vida e pensamento e não devemos nada a ninguém. Você acha que precisa provar para as pessoas quem você é, mas na verdade você precisa provar apenas para você do que você é capaz.

Não é apenas um filme com um jogo de desafios que pode colocar a vida de pessoas em risco por números de seguidores, mas é algo que faz com que a gente pense se algo assim já não existe em nossa realidade. Não é apenas para entreter você, na verdade ele está te entregando mensagens muito importantes para o dia a dia e para o nosso uso consciente em questão da internet. Não é porque você se esconde atras de pseudônimos que você não será culpado por causar o mal de alguém, você conhecendo essa pessoa ou não. Se você fez algo para que contribua com o mal estar de qualquer pessoa, você tem parte da culpa sim. Ele também mostra como pode ser perigoso fazer as coisas para ser famoso na internet porque isso pode afetar a sua vida mais do que imagina podendo chegar até a sua família e fazendo com que você vá parar no fundo do poço. Mostra que não devemos mudar quem somos para provar nada para qualquer outra pessoa que não seja nós mesmos e que ninguém merece que a gente corra riscos para que se divirtam, ainda mais desconhecidos.

A atuação de todos foi maravilhosa e fez com que muita gente calasse a boca por dizer que Emma Roberts só sabe atuar em papel que ela é poderosa, mandona ou algo do tipo. Ela interpretou muito bem uma adolescente perdida que não sabia o que fazer do futuro. Conseguiu mostrar insegurança e coragem ao mesmo tempo de uma forma muito boa. Dave Franco também tem um talento incrível e deve ser de família, não é mesmo? Amo demais o trabalho dele em "Um Truque de Mestre" e sempre gostei da atuação dele que não deixou a desejar em nenhum momento. O filme conta com Kimiko Glenn e Samira Wiley da série "Orange is the New Black".

Fonte: http://www.umcontainer.com/2016/12/resenha-filme-nerve-um-jogo-sem-regras.html





Eu absolutamente gosto muito da forma como esse filme é contado, filmes não lineares são uma paixão para mim, o filme acaba trazendo 3 diferentes histórias interligadas ao invés de uma, o que deixa a trama mais trabalhada...

Baseado no grande sucesso literário de Paula Hawkins, A Garota no Trem é um daqueles thrillers que tentam prender o espectador pelo seu intrincado jogo narrativo. Com ecos de Garota Exemplar, o filme funciona como suspense, mas revela sua grande força em outras questões.

O longa acompanha de maneira não linear a história de três mulheres, Anna, Megan e Rachel, sendo esta última a narradora dos eventos retratados. Todas elas possuem conexão entre si; Rachel é ex-mulher do marido de Anna, que tem Megan como babá de sua filha, com a última observada todos os dias por Rachel através do trem que passa em frente a sua casa. Apesar dessa relação, o que conecta as personagens é um turbilhão de violência, de traumas e um profundo sentimento de não pertencimento, na qual todas se sentem alheias a este mundo. Até que Morgan desaparece e de alguma forma Rachel e Anna estão envolvidas com este fato.

Assim, A Garota no Trem é um filme que depende muito da sua construção narrativa, de como mostrar, aos poucos, indo e voltando no tempo, os fatos de forma que surpreenda e mantenha o espectador preso à trama. Uma característica que funciona nesse contexto é a figura de Rachel como narradora quase onipresente, como se fosse uma espécie de narradora em primeira e terceira pessoa. Nessa função e devido a seu problema com o alcoolismo, a protagonista é uma investigadora que parte de suas memórias retorcidas para solucionar o problema, como se justificasse a supressão de diversas informações ao longo da trama, os apagões de Rachel são o gatilho perfeito para conduzir A Garota no Trem.

É bem verdade que o vai e vem de flashbacks torna-se enfadonho no decorrer do filme. Algo que parecia intrincado acaba ficando desnecessário, principalmente quando chega a seu terceiro ato, quando esta ferramenta faz com que o longa se afaste de seus momentos de tensão, interrompendo momentos chave e recheados de suspense para iniciar outro flashback. Fatos que demonstram certa irregularidade em A Garota no Trem.

O mesmo ocorre com a direção de Tate Taylor, mas que é extremamente hábil em construir uma atmosfera tensa que realmente torna envolvente a trama. Assim como consegue criar e logo em seguida destruir as relações entre personagens e público. No entanto, por muitas vezes, o diretor acaba optando por escolhas extremamente duvidosas, como uso exagerado e até piegas do slow motion em momentos que Taylor deseja empregar uma maior dramaticidade à cena. Ou até mesmo o emprego de uma imagem embaçada e tremida quando quer mostrar Rachel embriagado, um recurso para lá de senso comum.

Por isso, A Garota no Trem pode ser considerado apenas um bom suspense. Essa sua irregularidade faz com que se abram os olhos para sua característica mais interessante, o estudo entre suas três personagens. A Garota no Trem parece, antes de qualquer coisa, um exercício sobre a empatia, fazendo com que o longa seja justamente como as três personagens se conectam em seus diferentes traumas. É interessante como, através da montagem, o filme vai do close de uma personagem para o close de outra parecendo que elas são a mesma pessoa. Rachel, Morgan e Anna são na verdade três faces de um mesmo sentimento, partilhando muito mais do que se pode imaginar.

Dessa forma, o filme vai aos poucos desconstruindo uma sensação de que aquelas três são rivais, mostrando um pensamento muito mais complexo do que uma simples história criminal. Assim, a película demonstra ser uma interessante investigação da psicologia feminina, colocando temas como o gaslighting (abuso psicológico que faz a vítima duvidar das próprias memórias) no centro de um grande filme, e não de maneira extremamente didática, mas tentando colocar o espectador na mente de uma pessoa que sofre de tal abuso. Gera, dessa forma, uma empatia não só entre as personagens, mesmo que elas passem a maior parte do tempo distanciadas, mas também com o público que aos poucos vai entendendo essa questão.

Essa investigação muito mais pessoal oferece recursos para um trabalho de atuação muito maior. Vale a menção à dedicação de Emily Blunt que, nas nuances e viradas de sua personagem, vai se transformando. Com uma performance muito física que revela através de suas feições e gestos uma fragilidade constante, para aos poucos construir uma mulher sólida, forte e convicta, e realmente se vê esta mudança nas telas. A garota vista inúmeras vezes naquele trem vai moldando e rompendo barreiras psicológicas para depois surgir uma personagem incrivelmente densa.

Com isso, A Garota no Trem consegue chegar a seu final catártico, que evidentemente não será revelado aqui, mas que mostra o ápice dessas transformações e do reconhecimento da empatia. Se o filme não pode ser considerado um dos grandes suspenses do ano, possuindo algumas irregularidades nesse quesito, A Garota no Trem consegue se sair muito bem em outra chave, colocando sua câmera no centro de três mentes femininas. Um filme que acaba sendo muito mais que um simples thriller

Fonte: https://observatoriodocinema.bol.uol.com.br/criticas/2016/10/critica-a-garota-no-trem

Por hoje é só pessoal




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