Memento Mori - Um tributo aqueles que já se foram - Elvis Presley - Dimebag e Elke Maravilha

22:40


Agosto marca algumas perdas para o mundo da musica, e também do cenário undergound... pensando nisso decidi fazer um post tributo com algumas perdas e lembranças deste mês, de algumas bandas e personalidades que fizeram parte da minha vida e infância, sendo lembrados pelo aniversário, partida ou aniversário de morte, para que por toda as gerações, suas histórias ainda sejam lembradas: 



Elvis Presley - a morte do rei do rock


"Os pais abominavam, as garotas adoravam e os rapazes imediatamente copiavam."
- John Rockwell, The New York Times.
"Existe uma única pessoa nos Estados Unidos que eu gostaria de conhecer - ainda que eu não esteja seguro que ela queira me conhecer: Elvis Presley. É dificil descrever como me sinto sobre ele. Eu apenas idolatro muito esse cara."
- John Lennon, mais tarde Lennon viria a conhecer Elvis
"Quando éramos garotos crescendo em Liverpool, tudo o que queriamos era ser Elvis Presley"
 - Paul McCartney
"O ponto alto da minha carreira? Essa é fácil: foi quando Elvis gravou uma das minhas canções."
- Bob Dylan, de quem Elvis gravou Tomorrow Is a Long Time e Don't Think Twice, It's All Right
"Elvis foi meu maior herói."
- David Bowie
"Sem Elvis, nenhum de nós poderia ter feito aquilo"
- Buddy Holly
"Elvis ajudou a acabar com a minha influência e a de meus contemporâneos, mas eu o respeito por isso. A música progride sempre e ninguém abriu as portas do futuro como ele fez"
- Bing Crosby, um dos maiores vendedores de discos da história e fenômeno musical na primeira metade do século XX
"Elvis foi o Rei. Não há dúvida sobre isso. Gente como eu, Mick Jagger e todos os outros apenas seguiram seus passos."
- Rod Stewart
"Ele era um artista único... um original em uma terra de imitadores."
- Mick Jagger
"Ele foi um precioso presente de Deus."
- Trecho da lápide do túmulo de Elvis em Graceland.

 
Com essas citações, acredito que restou pouco para nós escrevermos algo de impacto sobre Elvis Presley. Um dos maiores artistas que já existiu em todo o século XX.

Elvis materializou o rock, com as suas costeletas, seu cabelo emplastrado de brilhantina, a sua dança nas apresentações que lhe valeram o apelido de Pelvis e a sua poderosa voz de barítono.


Tudo bem, que o rock surgiu antes de Elvis, em 1951. Que Bill Haley e seus Cometas já estavam nas paradas de sucesso com Rock Around the Clock. Mas Elvis conseguiu juntar em um único estado o lamento da musica religiosa, a força da musica hillbilly e a sedução do blues, tudo isso na forma de um cantor branco que dançava e cantava como um negro. Elvis reinventou um gênero recém-nascido e o transformou em uma onda que varreu todo o mundo!

"Elvis foi o fundador, o maior expoente e a mais apaixonante figura do rock" publicou o jornal The Guardian no obituário do Rei, em 1977. Antes de Elvis, a musica era feita para o consumo adulto, depois de Elvis a música passou a ser feita e consumida por jovens. Elvis, que nunca se apresentou no exterior (exceto no Canadá) foi o primeiro e o maior embaixador do Rock de todos os tempos.

Pela primeira vez, desde os anos 20, a juventude não estava em meio à uma crise econômica ou ao alistamento para guerrear pelos EUA. Os jovens possuiam dinheiro para comprar os seus discos. Marlon Brando e James Dean davam a cara dessa geração na tela do cinema. E na música, Elvis Presley era a encarnação dos novos valores frente aos valores ultrapassados dos mais velhos.

Elvis Presley era o ícone de uma nova juventude, a personificação da música que ele próprio revolucionou, mais que isso, a música era Elvis Presley. E aqui cabe uma excelente questão sobre a capacidade de transformação da arte a níveis superiores por parte de Presley. Elvis não foi um compositor de muitas  músicas, a maior parte de seus sucessos ao longo das suas três décadas de vida pública eram composições de outros autores. Por esse mesmo motivo, Elvis merece total reconhecimento quanto artista e intérprete, uma vez que todas essas músicas ganhavam uma vida especial na voz de Presley.

Toda a quebra de valores proposta pelo futuro rei do rock, criou um novo paradigma social e de valores nunca antes visto. A estética social humana transformou-se. Se antes era comum ao homem o cabelo devidamente alinhado ou o chapéu, Elvis transformou o topete no mais icônico tipo de cabelo masculino de todos os tempos.
A idéia de Rei do Rock'n'Roll é muito limitada para descrever a importância de Elvis Presley sobre toda uma geração. "Elvis se tornou o rei do rock'n'roll, mas também desta emergente cultura jovem", disse Larry Rohter, reporter do Washington Post.

Além disso, pela primeira vez era necessário não somente ouvir o artista, mas também acompanhar o requebrado e a dança. Elvis cantava não unicamente com a sua potente voz, considerada como a maior entre os cantores populares de todos os tempos, Elvis cantava com o corpo. Isso em uma sociedade onde a televisão começava a ganhar o status de importância que teve até a invenção do computador pessoal pela IBM, na década de 80.



E falando de TV, Elvis não só foi um dos responsáveis pelo crescimento desse aparelho, como foi o responsável pela maior audiência de transmissão de todos os tempos, já em 1972. O show Aloha From Hawaii foi a primeira transmissão de TV via satélite, atingiu mais de 40 países e foi assistido por aproximadamente 1 bilhão de pessoas em todo o globo terrestre. Aloha From Hawaii ganhou em níveis de audiência o desembarque do homem na Lua.

No inicio da carreira, Elvis Presley era sinônimo de obscenidade para os mais velhos, sinônimo de depravação para a Legião da Decência (organização católica autonomeada guardiã da moral, fundada em 1933) e sinônimo de "chatura" para os "velhos críticos".

"O senhor Presley não tem nenhuma habilidade musical conhecida. Sua especialidade são canções ritmadas que ele acompanha com um gemido; para os ouvidos ele é uma chatura", Jack Gould, critico do New York Times.

"Ele foi repetidamente tratado como vulgar, incompetente e má influência, mas a força de sua música e de sua imagem não era mero merchandising", Revista Rolling Stone.

O fato é que Elvis vendeu mais de 1,5 bilhão de discos, a Associação Americana da Indústria Fonográfica o premiou com o maior número de discos de ouro, platina e multiplatina que qualquer outro artista na história. Na Billboard, Elvis emplacou 18 discos como top de vendas, patamar nunca alcançado por nenhum outro artista, sem contar que esteve nas paradas de sucesso 149 vezes.

Elvis sobreviveu à Beatlemania a aos Stones. Em 1968 voltou aos palcos depois de desaparecer nas bases americanas na Alemanha e após várias películas no cinema. Em 1972 veio o Aloha From Hawaii. A partir de então, mesmo nas baladas românticas Elvis mostrou todo o seu potêncial, e até 1977, ano em que morreu, todos os seus shows lotaram. Entrou no Hall of Fame por três gêneros: Rock, Country e Gospel. Sendo considerado ícone nos três, com destaque especial ao título de rei do rock.

No ano 2000, a CNN fez uma pesquisa sobre o gosto dos norte-americanos, e descobriu que 45% da população se considerava fã de Elvis Presley. A rede Warner Bros. fez uma pesquisa sobre quem deveria ser "devolvido" do mundo dos mortos, e novamente Elvis apareceu como a personalidade que os americanos mais queriam que voltasse à vida, mesmo concorrendo com Martin Luther King, presidente Kennedy e outros nomes de peso.


Fonte: http://rock50s.blogspot.com.br/2011/07/nomes-do-rock-o-rei-elvis-presley.html


Aniversário de DimeBag - a tragédia do fim sob o palco


Dimebag Darrell, nome artístico de Darrell Lance Abbott (20 de agosto de 1966 – 8 de dezembro de 2004), foi um músico norte-americano de heavy metal famoso por ser guitarrista das bandas Pantera e Damageplan. Dentre as principais influências musicais de Dimebag estavam: Kiss, Judas Priest, Randy Rhoads, Eddie Van Halen e Ace Frehley.

Abbott foi baleado e morto durante uma apresentação que fazia com Damageplan em 8 de dezembro de 2004 em Alrosa Villa em Columbus, Ohio. Foi classificado como nº 92 na lista de 100 Maiores Guitarristas da revista Rolling Stone e como nº1 pela revista inglesa Metal Hammer.

Um jovem fã obcecado por heavy metal atirou e matou o ex guitarrista do Pantera, "Dimebag" Darrell Abbot, e tres outras pessoas durante um show do Damageplan, ultima banda de "Abbott's". A tragédia ocorreu na tarde de 8 de dezembro, na boate Alrosa Villa, em Columbus, Ohio.
O atirador, Nathan Gale, 25 anos, foi morto por um oficial da policia de Columbus minutos depois do ato de violência.  Um fuzileiro naval aposentado, Gale dizia-se chateado que o Pantera chegou ao fim, no ultimo ano, e responabilizou  Abbot pelo fim amargo da banda. As mortes aconteceram no vigésimo quarto aniversário da morte de John Lennon.
As outrs vítimas eram um fã de 23 anos de idade, Nathan Bray, um membro do staff do Damageplan Jeff "Mayhem" Thompson de 40 anos de idade, e um empregado do clube de 29 anos, Erin A. Halk.
Abbot tinha 38 anos, era conhecido como um expressivo guitarrista que trouxe os fluidos dinamicos da técnica de Eddie Van Halen para o  muito mais pesado power -- groove do trash do Pantera. Uma das bandas de metal mais intransigentes dos anos 90, foram também uma das mais bem sucedidas: Durante sua carreira de 18 anos, a  banda vendeu mais de  7 milh~ioes de discos, de acordo com a Sound Scan; Far Beyond Driven entrou no primeiro lugar das paradas e vendeu 1,4 milhões de cópias.
4 bandas estavam na grade do Alrosa Villa, e aproximadamente 250 pessoas, pagando cerca de oito dólares por ingresso, tinham aparecido, um número bem pequeno em consideração a capacidade do local que era de 600 pessoas.
No frio e na escuridão, Gale havia se dirigido para o estacionamento do clube enquanto a música corria solta lá dentro.
"Hey cara, por que você não está assistindo ao show?" um fã perguntou
"Eu não quero ver essas merdas de bandas locais" - ele disse
"Você pode, pelo menos, entrar e ficar aquecido"
"Não cara", Gale disse, "Eu vou esperar pelo Damageplan"
O gerente do clube, Rick Cautela descreveu Gale como um rapaz inofensivo - um sem um ingresso. "Ele era apenas um fã louco tentando falar com os membros da banda", disse Cautela. "Um dos caras que ajudam a organizar as  bandas, eventualmente pediu para que ele saisse". Ao invés disso, quando o Damageplan subiu ao palco, Gale saltou uma cerca de seis pés de altura, e correi para o clube atrávés de uma porta lateral, caminhou rapidamente entre as mesas de bilhar, um bar e a cabine de som até chegar ao lado esquerdo do palco. Testemunhas pensarm que gale, que tinha a cabeça raspada, queria fazer um mosh do palco. Foram cerca de 90 segundos  através da primeira música do set.



"O cara estava determinado", disse Billy Payne, o cantor da banda Volume Dealer, que tocava lá na mesma noite, e que viu Gale entrar no clube. "Ele estava em uma missão, ele parecisa furioso, ele estava caminhando como se ele estivesse indo para uma batalha"
No palco, Gale empunhou uma pistola Beretta 9mm e mirou direto para Abbott. Joe Damron, baixista do Volume Dealer, pensou ter ouvido Gale gritar alguma coisa sobre o Pantera, mas ele não tinha certeza. "Com o retorno, eu não conseguia ouvir o quer ele disse", Dameron disse. "Eu o vi abrindo a sua boca para gritar alguma coisa, mas eu não sei o que era, ele apenas parecia determinado". Gale atirou em Abbot - que estava bangueando , e tinha o cabelo em seu rosto - pelo menos uma vez na testa. "Dime estava fazendoo suas coisas," Disse Aaron Benner, um fã que estava por perto, "Ele estava realmente dentro de si, então ele foi pego de surpresa".
Cautela, que estava cuidando do bar, epnsou que fogos de artificios tinham sido usados. Outros pensaram que as caixas de som tinham explodido ou alguém tinha desparado com uma arma de sinalização. "Eu pensei que eles estavam brincando com uma grande chamariz", disse Ryan Melchiore, que estava trabalhando na segurançam "Pessoas estavam levantando seus punhos, pensando que era uma encenação". Cautela continuou servindo drinks.
A música parou; o baterista Vinnie Aboot, Irmão de Darrell, levantou-se atrás de seu kit, a guitarra de Abbot começou a emitir em resposta um grito agudo.
Um guarda de segurança enfrentou Gale, que continuou a disparar contra a multidão. Uma bala atingiu de raspão o braço de um rodio da Volume Dealer, Travis Burnett, um corpulento ex-soldado que derrubou sua cerveja e correu para o palco  para tentar disarmar o atirador. "Eu perguntei a ele, "Cara, que porra você está fazendo?", Disse Burnett. "Ele estava como, 'saia daqui, dê o fora', Comno eu tentei agarra-lo, ele atirou em mim, a bala passou pela minha camisa e eu nem sequer a senti" Darrel about estava deitado no palco, sangrando em sua cabeça, enquanto a maioria dos fãs fugiram, uma enfermeira de columbus, Mindy Reece,  correu para a frente: "Eu disse, 'foda-se, eu sou uma enfermeira", disse, "Ele precisa de ajuda" Eu fiz as compressões torácicas para quinze e vinte minutos. Eu ficava dizendo "Dime bag, vamos lá, vamos lá, por favor, fica comigo", Abbot estava perto da hora da morte  quando os paramédicos chegaram.
Da área do Backstage, o Oficial James Niggemeyer apareceu, carregando uma arma calibre 12, Remington. Ele passou por uma pila de a,mplificadores e avistou Gale, que havia tomado um refém, segurando sua arma voltada  contra a cabeça do homem não identificado. Gale começou a se mover para a parte de trás do clube , quando Niggemeyer disparou uma vez, matando Gale.
Nathan Gale, de acordo com as pessoas em Marysville, wea problematico, mas não propenso a violencia,. Ele alistou-se na marinha em 2002, mas deixou a coirporação, por razões ainda desconhecidas, dezoito meses depois. Ele trabalhou em canteiros de obras, em uma loja de troca de óleo, e como paisagista. Gale também jogou em um time de futebol semmiprofissional local. No ônibus da equipe, GGale poderia ser encontrado facilmente com seus fones, ouvbindo Pantera.
Em 17 de novembro, as 03:20, a policia prendeu Gale por dirigir com a carteira suspensa. Até então, os amigos de Gale disseram que ele tinha mudado, ele havia começado a falar e rir consigo mesmo, ele disse a um amigo que o Pantera tinha roubado suas mpusicas e ele iria processa-los; Lucas Bender, gerente de um estudio de tatuagem do outro lado da rua da casa de Gale, disse que ele era um visitante frequente: "Ele tem uma tatuagem no antebraço direito ou esquerdo , um grande simbolo tribal", disse bender"Ele tambem teve sua orelha furada umas semanas antes, ele vinha durante a semana, eu tentei mantr ele longe da clientela, ele meio que deu a todos uma impressão estranha"
Bender disse que Gale lhe contou que havia deixado os fuzileiros navais devido a problemas mentais, estava tomando medicação e podia ser bipolar, "Nathan era apaixonado por guitarristas", disse  Bender "Um dos nossos tatuadores tocava guitarra, e Nathan começou a tentar sair com ele"
Como policiais e detetives inundaram a alrosa Villa em 8 de dezembro, Vinnie abbott escapou através do ônibus de turnê do Damageplan. Ele  subiu na beliche de Dimebag e chorou.
"Damageplan nos amava", lamentou Billy Payne, vocal do Volume Dealer, "Ele nos dissepara ficar depois do show, eles estavam indo falar com a gente e tomar uns drinks conosco, era o sonho de uma banda local se tornando realidade, mas se transformou em um pesadelo"

Fonte: http://www.rollingstone.com/music/news/behind-the-murder-of-dimebag-darrell-20041230


Um Adeus a Elke Maravilha 


Professora, tradutora, modelo e atriz, Elke Maravilha foi de tudo um pouco
De personalidade forte e presença exuberante, a artista atuou no cinema e combateu a ditadura

 Certa vez, perguntaram a Elke Maravilha: “Por que tanto?”. Ao que ela respondeu: “Por que tão pouco?”.
Morta ontem aos 71 anos, no Rio de Janeiro, depois de quase um mês de internação após cirurgia para tratar de uma úlcera, Elke Georgievna Grunnupp foi muito tudo.
Nascida em Leningrado (atual São Petersburgo), em 22 de fevereiro de 1945, filha de um russo e de uma alemã, chegou ao Brasil aos 6 anos. Perseguidos por Josef Stalin, os Grunnupp instalaram-se na mineira Itabira no início da década de 1950.
Chegou a ouvir do mais ilustre dos itabiranos: “Que coisa surreal você ser de Itabira!”, teria lhe dito Carlos Drummond de Andrade.
Pois há coisas muito mais fora do comum em sua trajetória. Elke foi apátrida por duas vezes: primeiro, perdeu a nacionalidade russa; mais tarde, manifestando-se contra a ditadura militar (protestou em defesa da memória de Stuart Angel Jones, filho da grande amiga Zuzu Angel, morto pela repressão), perdeu a brasileira. Foi detida pelo Dops, quando foi torturada.

“Meu pai viveu sob a ditadura de Stalin. Fui preparada para a guerra. O que são seis dias no Dops?” Viveu as duas últimas décadas com cidadania alemã.

Alemão, por sinal, era uma das nove línguas que ela falava. Também fluente em russo, português, italiano, espanhol, francês, inglês, grego e latim, foi professora, tradutora, secretária e bibliotecária.

Oito foi ainda o número de maridos que teve. Filhos, nenhum. Abortos, três. “Sempre soube que não saberia educar uma criança. Sou completamente consciente do passo que posso dar.”

No mundo das maravilhas, Elke foi igualmente múltipla. Seu caminho no meio artístico teve início na virada dos anos 1960 para os 1970. Das passarelas, o mulherão de 1,80m chegou aos cinemas.

Nos primeiros papéis, foi um pouco de si mesma. Modelo em Salário mínimo, de 1970, secretária em O Barão Otelo no barato dos bilhões (1971). Ela teve algum destaque como Hortência, a oponente de Xica da Silva (1976).

Elke virou Maravilha por obra do jornalista Daniel Más. Foi desta maneira que chegou ao Cassino do Chacrinha, já nos anos 1980. Como a jurada do “Painho” ela teve seu maior papel. Foram 14 anos com Chacrinha, e a popularidade disparou.

Do Velho Guerreiro foi trabalhar com Silvio Santos, de quem não guardava boas lembranças. Continuou na TV, ora em participações em séries e novelas, ora em pequenas aparições, que foram se tornando menos frequentes nos últimos anos.



Em Elke, nada era gratuito, e tudo era fora do comum. “Sempre fui assim, não sei ser de outro jeito.” Ser político, mas apartidário, definia-se anarquista.

Abraçou e foi abraçada pelas minorias. Foi madrinha dos presidiários, militou na causa dos hansenianos, virou musa gay. “Meu pai me mostrava porco gay, pato gay... Quando vi gente gay achei normal. Não ficava com aqueles ranços de conceitos e preconceitos. Graças a Deus, tive uma boa educação.”

Soube levar sua vida incomum para os palcos. Nos últimos tempos, rodava o país com o show Elke canta e conta, apresentado em setembro de 2015, no Sesc Palladium. No palco, sem papas na língua, reviu sua trajetória.


Não tinha medo da morte, tampouco da idade. “Ficar velho é bom, caralho! A gente só não pode ficar ultrapassada.”
Andre Usagi/ DivulgaçãoElke foi celebrante do casamento de Diego Assunção e Lucas Braga em Minas (foto: Andre Usagi/ Divulgação)
BENÇÃO CARINHOSA
A moral não está no meio das pernas, como muita gente pensa.” Essa foi uma das tantas frases inesquecíveis que Elke Maravilha disse na celebração do casamento de Diego Assunção e Lucas Braga, em agosto do ano passado, em Belo Horizonte. Mais que uma celebrante irreverente, a presença dela foi iluminada.

Com a experiência de oito casamentos, a artista repetiu aos noivos a máxima de que não “nascemos para viver e, sim, para conviver”. Foi também uma carinhosa conselheira: “Aprendi que um tem que amar mais e o outro amar melhor. Aí vocês decidem quem vai fazer o quê”.
Como Diego lembra, foi uma bênção sem dogmas.

“Só com amor e isso é para sempre e inesquecível”, diz. Para o casal, a voz de Elke seria capaz de atingir todas as gerações trazendo uma mensagem de luta e libertação. Ela foi além e emocionou todos os presentes. “Elke, sua sabedoria e coragem farão muita falta nesses tempos tão tenebrosos, mas sua marca fica, sem sombra de dúvida! Obrigado pelo privilégio do nosso ótimo encontro e por me ensinar que ‘o amor é invencível nas batalhas’”, agradece Lucas. (CAROLINA BRAGA


ALÉM DAS TOLICES

Conheci Elke nos tempos que Eduardo Couri promovia o seu prestigiado concurso para a escolha da glamour girl da cidade. Era uma noite prestigiadíssima, as moças que aceitavam disputar o título se transformavam, da noite para o dia, em sucesso social.

Eram bajuladas, convidadas, badaladas. Numa dessas seleções de nomes que disputavam o título, Eduardo convidou uma moça linda, simples, pouco conhecida, sem nenhum trânsito em coluna social.

Na lista das candidatas, só mocinhas vaidosas, orgulhosas, bem society. E no corpo dos jurados, só figurões de fino trato. A candidata mais cotada era uma socialite carioca, que passava temporadas por aqui, sobrenome conhecido, essas coisas que encantavam a cidade.

Terminado o desfile, em 1962, contados os votos dos jurados, quem foi que venceu? A pouco conhecida Elke Grunnupp, que morava com os pais numa casa de classe média no Alto Barroca. Ela tinha cara de jovem, bem de acordo com a idade, menina nascida na Rússia e criada no Brasil desde os 6 anos.

A provinciana sociedade mineira não conseguiu engolir a derrota de suas filhas, produzidas e bombadas, por uma garota de cara angelical e, ainda por cima, russa!

A campanha que foi feita contra sua eleição chegou a ser cômica, de tão sem sentido, até anular a eleição chegou-se a cogitar. Passei a elogiá-la e defendê-la sempre. Às vezes, nos encontrávamos, e ela me contou as pressões que estava sofrendo a troco de uma tolice, que ela não levava tão em consideração como as outras moças de sua idade.

Já se podia entrever ali uma jovem que estava além das tolices de seu tempo e que acabou sendo a mulher inteligente, culta, gloriosa em que Elke Maravilha se transformou. E como ela neutralizou ao longo de sua vida a cândida figura que se candidatou num impulso a ser glamour girl. Tão vitoriosa sempre, ninguém se lembra das outras candidatas, ela se tornou um ídolo nacional.

Graças à simpatia mútua, devo a ela um fato único em minha vida, que jamais se repetiu. Fui jantar em sua casa, tradicional cardápio russo, delicioso. No fim de tudo, seu pai me apresentou um dos pratos mais raros do jantar: filé de cobra, que ele preparava como ninguém. (ANNA MARINA)
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