Uma caminhada solitária por Paranapiacaba
04:38
(Uma paradinha para a tradicional foto na ponte de entrada da cidade )
Okay, eu havia acordado, havia me arrumado, arrumado a minha mochila, e já estava bem longe de casa para voltar, então o jeito foi seguir caminho, fui até a cidade de Paranapiacaba, lugar que eu não visitava a 1 ano, simplesmente para caminhar. Confesso que cheguei a entrar num posto de guias turisticos da cidade, apenas um mas não estava saindo passeio para nenhuma cachoeira, então voltei ao novo plano que eu tinha começado desde que desci daquele ônibus? caminhar por lugares que eu não tinha caminhado antes.
Uma das poucas esculturas do cemitério de Paranapiacaba
O primeiro lugar que decidi visitar foi o cemitério de Paranapiacaba, confesso que eu nunca tinha entrado, e não sei por que... a grande capela acima da cidade que toca fielmente a ave maria de hora em hora aos domingos sempre me pareceu bem melancólica e até assustadora, mas como estava a toa e sem destino, resolvi ver de perto e aprender um pouco mais sobre a cidade
Apesar de histórico, o cemitério está em ruinas, havia 2 pessoas trabalhando arduamente nele para conter o barro, alguns tumulos estão deslizando, o barro está tomando conta e os mausoleos e epitáfios estão em frangalhos, mas ele ainda possui um charme que somente a desolação nos proporciona...
O Cemitério Bom Jesus, em Paranapiacaba é o mais antigo cemitério do Grande ABC dos que continuam em atividade. Existe pelo menos desde 1890. Em 1975, o jornal “Diário do Grande ABC, entrevistava o ex-vereador João Dias Carrasqueira Filho (1910-1997), chamado de subprefeito honorário de Paranapiacaba. Carrasqueira dizia: muitos dos restos mortais sepultados no cemitério local deviam ser de ingleses que construíram a Vila de Paranapiacaba e a estrada de ferro. A reportagem constatava que vários jazigos em Paranapiacaba eram de pedra com data do século 19 e dizeres em italiano, estavam desaparecendo, pela ação do tempo. O primeiro pedido feito pelos empreendedores ingleses da “São Paulo Railway, foi a construção de um cemitério, devido ao local inóspito e o trabalho de risco. Como haviam cerca de cinco mil homens circulando pelo local, era preciso se prevenir. Para acontecer a construção do cemitério, era preciso que o bispo de São Paulo autorizasse, só que para isso ele fez uma exigência: Que só católicos fossem sepultado ali.
“… Seja cemitério dos catholicos eternamente separados dos protestantes ingleses a fim de poder ser bendito e assim prestar-se ao enterramento sem profanação dos fieis catholicos.” – Disse o Bispo. (Castilho, 1998 p, 45).
Coube aos ingleses protestantes, que por sinal era a minoria da população, que fossem enterrados em outros locais como, por exemplo, na cidade de São Paulo. Esta informação contradiz o que foi dito no texto acima sobre o fato de o cemitério ter muitos ingleses enterrados lá. Até porque a maioria dos imigrantes eram de portugueses, italianos e dos próprios brasileiros.
As flores coloridas dão um charme ao pequeno e desolado cemitério
Curiosidades:
* Quando o túmulo apresentava duas cruzes, era sinal de que funcionários da ferrovia haviam morrido no mesmo acidente. Então a companhia prestava sua homenagem.
* A capela que existe dentro do cemitério, construída entre 1909/1949 (não se tem certeza da data), além de velar seus mortos, também servia para se fazer autópsias no corpo dos acidentados na ferrovia. Nesse caso, era necessário vir um médico legista de Santo André. Depois de feita a autópsia, o corpo era enterrado no próprio cemitério.
* No cemitério há uma lápide com uma história trágica. Um menino acabou sendo morto pelo próprio pai, quando este se assustou com um barulho vindo do meio da mata fechada, atirando no garoto pensando ser algum animal.
* O cemitério possui um túmulo que pertence à família da atriz andreense Sônia Guedes.
(Fonte: https://santoandrememoria.wordpress.com/2015/12/01/cemiterio-bom-jesus-de-paranapiacaba/)
(4° Machina, o decadente museu de paranapiacaba)
Depois da tradicional foto na ponte que ilustra o cabecário desta postagem, olhei para baixo e avistei o museu das máquinas da cidade, fiquei me perguntando por que eu nunca havia entrado antes, daí lembrei dos r$5 reais cobrado de entrada que eu egoistamente nunca quis pagar para encontrar algo que eu não tinha certeza sobre o que era. Okay, foi o dia de deixar de ser pão duro e liberar logo esses r$5 pilas.
Esse museu sem duvidas foi um aprendizado para a minha avareza, se eu soubesse antes o que eu sei agora, teria comprado a entrada para esta área fechada a muito tempo atrás... primeiro pelo ar de celeiro do Clark Kent versão american horror history, outra por que de todas os lugares corroido pelo tempo da cidade inteira, sem duvidas esse é o mais bonito.. Não digo pela parte interna do museu, que é empoeirado, aleatório, sem indicação clara, sem grandes informações e sem vigilância, mas a arquitetura, o pátio é lindo, além do sossego e a paz, eu fiquei muito tempo absolutamente sozinha lá, sem ninguém passar, incomodar... achei incrivelmente mágico
Na parte de trás do museu há dois vagões abandonados, um em estado até conservado, outro em completa ruina, não é possivel ficar em pé dentro dele, na verdade não há nem como entrar de fato pois o assoalho e o teto estão completamente podres, mas dão um visual lindo (sim, me chamem de louca, mas eu vejo uma certa beleza melancolica em lugares abandonados, e inclusive amo)
(Aproveitando o momento sozinha para muitas fotos sme parecer louca)
Passei realmente muito tempo do meu dia aproveitando a paz de estar sozinho para explorar cada cantinho desse museu, tirar milhares de fotos e então passear pela cidade...
A cidade estava o que sempre esteve, talvez bem mais vazia devido aos últimos dias de chuva, dê um ano para cá subiu muito o numero de posto de guias credenciados, o que é ótimo, fiquei impressionada em ver o primeiro bar, o bar da zilma, em como agora está gourmetizado.. costumava ser um famoso boteco com cara de espelunca de beira de estrada, e agora está totalmente reformado, com mesinhas, guarda sol e garçons, o que deu uma cara nova para a entrada da cidade.
A cidade está sendo restaurada em grande parte, ao caminhar pelo centrinho consegui perceber as melhorias de longe, apesar de que as margens da cidade estão piores,e eu espero que não fiquem esquecidas e tenham sua vez de ganhar vida de novo.
Os restaurantes estão se multiplicando, as pousadas ainda são as mesmas de sempre, e o cardapio vegetariano esta começando a se propagar por lá
(Nada como uma fotossíntese em meio a grama)
Minha próxima ida a paranapiacaba tem como foco a trilha da cachoeira da fumaça, e pretendo também compartilhar com vocês
E vocês, acham que eu deveria visitar mais algum lugar especifico de Paranapiacaba? Deixe nos comentários
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